quinta-feira, 4 de junho de 2009


Me pego buscando palavras para descrever o que estou sentindo...

Como descrever algo indefinido?

Sonhos, sentimentos, esperanças, tudo num mixto incrível, num fluxo incrível.

Hoje estou apenas um pouco mais Ígaro que o normal... Coincidência?

Não creio, o espelho vem me dizendo faz tempo e eu não quero acreditar, ando envelhecendo, me tornado o que sempre achei que fosse, apenas mais um adulto no mundo. Complexado, preocupado e ocupado.

Hoje sou estudante universitário, psicólogo de relacionamentos dos amigos, amigo fiel e cofidente, síndico, monitor, dono de casa, adolescente... Não será um pouco demais para uma pessoa de apenas 17 anos?

Mesmo com essa relatividade do tempo, onde tudo se mistura e se separa, onde meu coração e minha cabeça seguem caminhos opostos e paralelos ao mesmo tempo, eu sigo. Fazer o quê? Se desse para parar um pouquinho... Só um pouquinho...

A obscuridade do futuro me afronta a cada segundo que vivo, e a certeza de que o passado é passado, põe um ponto final em muitas dúvidas.

São tantos enigmas para uma vida só, tantos "e se"... Eu queria me dividir em 2,3,4... Quantos pudesse, só para testar e viver de tudo, com todos, com tempo!

17 anos, 88kg, 1,78 de altura... Parece ser tão simples essa forma física... Mas o que está por dentro é que é complexo. Meus pares de mebros, meus mebros únicos, tudo é simples, é igual, é comum. O que me diferencia é o que estou usando agora, minha massa cinzenta. Talvez por isso que eu prezo tanto isso nas pessoas que eu desejo ao meu redor, porque é o que as diferencia dos demais...

Hoje eu estou falando mais merda que o comum, por favor cortem minha internet e me mandem estudar e trabalhar, pois quantidade não me falta...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Por enquanto, apenas o 1º capítulo...

Capítulo Primeiro

Noite de lua cheia. Batom encarnado nos lábios, sombra, maquiagem completa. Estava pronta para mais um trabalho. O cliente pediu roupas discretas, de executiva se possível. Olhou para a lua. Não sabia por que, mas tinha uma certa ligação com ela. Olhou-se no espelho por alguns instantes, viu-se com cara de secretária. O que diria sua mãe se a visse assim? Talvez se arrependesse de tê-la expulsado de casa após saber que ela não era mais virgem e que estava grávida. Sim, tinha uma filha para sustentar. Fazia programas porque era a única saída em um país com oportunidades para poucos.
Roberta, sua filha, estudava em um ótimo colégio católico. Tinha apenas sete anos e ambicionava tudo que suas amigas ricas tinham: bonecas caras, roupas de marca, tudo do bom e do melhor. Isso tudo custava dinheiro. Letícia tinha que se prostituir para suprir os pequenos luxos de sua incompleta família. Pagar as contas.
Morava em um prédio de classe média alta, em um bairro nobre. Tinha vizinhos falsos e frívolos, que no fundo conheciam a fonte de sua renda. Fazia sexo por dinheiro e isso nunca foi bem visto pela sociedade. Recebia clientes em um flat o qual ela custeava. Era prostituta de luxo e sabia que tinha que fazer seu pé-de-meia antes que seu jovem corpo não atraísse mais deputados, homens do alto escalão, homens ricos.
Tinha sonhos. Queria morar em outro país, recomeçar longe de tudo e de todos que conheciam seu passado. Ambicionava que a filha tivesse uma educação européia, para que no futuro, Roberta desfrutasse de mais oportunidades que sua mãe.
Lembrou-se do programa, estava cedo. O flat era perto de sua casa, apenas 30 minutos de seu apartamento. Mas gostava de chegar antes do cliente, para ter a oportunidade de sentir-se um pouco só, pensar na vida... Sonhar. Apanhou um táxi, não gostava de ir com o próprio carro e os clientes sempre pagavam a “taxa de transporte”. Casados, solteiros, jovens, idosos, feios, estranhos, comuns, recebia todo tipo de clientes. Sua única condição era que seus homens pudessem pagar pelo serviço. Seu preço? 8 mil reais a noite. Algo a mais que o cliente pedisse, pagaria por fora. Era cara, mas eles nunca reclamavam, diziam que valia a pena e que pagariam o dobro se ela pedisse. O cliente de hoje era um rapaz, filho do embaixador de algum país muçulmano, não sabia ao certo. Ao telefone, Said disse-lhe que tinha recebido ótimas indicações de Letícia, que procurava descrição acima de tudo, e claro, prazer inigualável. Ela respondeu-lhe a altura: - Se fui indicada ao senhor, tenha a certeza de que valerá a pena. Deu o endereço do flat, marcou o horário, ligou para a babá da filha, disse-lhe que teria um jantar de negócios e precisava que ela ficasse com Roberta por essa noite, ela pagaria hora extra. Minutos mais tarde, chegou ao quarto do apart-hotel: lençóis limpos, geladeira cheia, champagne, morangos, camisinhas. Era um quarto arejado, no 15º andar. Não conhecia os vizinhos, nem ao menos sabia se os tinha. Tudo havia sido decorado de forma que deixasse à vontade pessoas sérias. Tudo num estilo sóbrio e discreto, cortinas em tons pastel, paredes claras, para deixar o ambiente leve. Móveis modernos porém discretos, apenas o essencial. Estava tudo pronto, o cliente demoraria mais uns 15 minutos, aproveitou para meditar um pouco, lembrou-se que ainda não havia pagado o curso de inglês de Roberta. Uma campainha tocou. Ela atendeu ao interfone e era Said. Pediu que ele subisse. Entrou, estava cheiroso, muito bem arrumado e discreto, utilizava uma camisa branca e um blazer azul marinho, calça social e sapatos pretos. Deu-lhe boa noite, ela colocou uma música para relaxar, era Rod Stuart, ela adorava. Dançaram, beberam, despiram-se, forma até a cama, ela deitou-se de costas, ele por cima, a fazer-lhe carinhos enquanto invadia seu corpo. Ela permanecia quieta, excerto por alguns gemidos que soltava ocasionalmente, para mostrar um prazer que não conseguia sentir transando por dinheiro. Ele pediu que ela mudasse de posição, ele sentou-se e ela em cima dele. Continuaram os movimentos, dessa vez ela sentiu algo, viu que ele aumentava a velocidade dos movimentos, ela também estava prestes a chegar ao ápice do prazer. Terminaram juntos, e juntos forma para a banheira. Lá já estava uma champangne francesa, extremamente gelada, com morangos, a espera do “casal”. Entraram na banheira, ele quis puxar conversa, ela, disfarçou para não mentir. Não gostava de expor sua intimidade. Ela perguntou da vida dele, ele respondeu que seu pai era um rico shaque do petróleo e que sua família era muito tradicional e de renome no país que ele nasceu. Mencionou ainda a forte influência política exercida pelo seu pai na formação geopolítica do mundo. Ela fingiu curiosidade com relação a isso, mas na verdade o que mais desejava no momento era estar em sua cama, com sua filha abraçada, a contar historinhas para crianças e ambas dormirem juntas. Logo veio a sua mente que Roberta teria um passeio no final do mês para um parque de diversões norte-americano e concluiu que com o dinheiro desse programa, ela conseguiria pagar o passeio e quem saber ir com a filha, caso nenhum cliente assíduo a procurasse na data da viagem. Said pedia mais, e ela, toda insinuante, subiu em seu colo e começou a dançar em cima de suas pernas, e dançava bem, pois o filho do príncipe logo se satisfez.
Ao levantar-se e caminhar em direção ao toillet, sentiu-se suja. A tempos que não se sentia assim, achava que já estava acostumada a ser usada como um simples objeto. Mas era isso que ela era, um objeto sexual. Sabia disso pois tirava proveito de relações sexuais, algo até muito lucrativo.